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quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Estepe

Já vou avisando que qualquer semelhança com a vida real ou situações reais é mera coincidência.
Ana está indignada, são duas horas da madrugada e ela precisa desabafar. Pega a primeira caneta que vê pela frente e começa a escrever: 

"É difícil saber que sua existência ou sua ajuda se transforma em segunda opção, não é? Segunda, terceira, quarta ou quadragésima segunda. Os revoltados talvez pensem: se é pra ser assim que nem aconteça. É uma boa idéia.
É mais ou menos aquela necessidade por conversar em um bate papo ou messenger: são quatro horas da madrugada, você percorre os contatos ou os nicks, hmm tem fulano online, faz tempo que não conversamos mas acredito que não terá problema em perguntar se está frio, quente, se ainda está vivo ou morreu e deixou o messenger aberto (pouco provável, eu sei). 
Pior que tudo isso é a situação formal e desconfortável que muitas pessoas vivem, por não conseguirem executar o tão sonhado desapego pessoal e afetivo. Você sabe que aquela pessoa só te procura quando está chateada, ou quando resolve te procurar, que a última coisa que ela/ele faz é falar contigo, ela/ele deve olhar pro seu nick colorido ou para seu subnick triste e pensar: porque não? Mas mesmo sabendo que a conversa só vai acontecer se ele ou ela desejar, você não consegue parar de esperar ou que do nada aquela janelinha suba com um tímido "oi". 
Deveriamos abrir as asas e dar um chega pra lá em determinadas situações, deveriamos, mas me diz, quem consegue? Você desapega de um pedaço também, você quase arranca uma memória agradavél. É um pedaço ruim que te faz muito bem. 
Aí você, tentando encontrar uma desculpa para continuar ciscando nesse terreiro, pensa: e se ele precisar de mim e eu cortar literalmente todos os laços? Como vai ser? O que ele vai fazer? Como vai ficar? Que engano, ele nunca mais vai precisar de você exceto se for para tapar algum buraco. Pensando assim as coisas acontecem mais rápido.
Invejo aqueles que possuem um dom incrível em esquecer ou uma péssima memória, tanto faz. Porque a idéia que passam é de alguém descolado e desapegado no melhor estilo "já superei".
Nós nos enganamos demais e esperamos que do nada uma luz divina mude toda a história. Mas o que me anima é que um dia você cansa, um dia tudo isso começa a perder o sentido e você percebe que não existe fundamento em determinadas situações, no caso a de "estepe". Por isso, não se desespere, ainda tem salvação.
E por fim, tenho apenas uma dica para quem compartilha desta situação, quando uma voz misteriosa gritar um "CHEGA" no seu ouvido, é melhor obedecer."

2 comentários:

priscilabonatto. disse...

eu proponho um desafio, quase como a voz que grita "chega": que tal tentar mudar de assunto, mudar de foco, escrever sobre outras coisas, sobre o que vale a pena, sobre o que você tem de bom, sobre o que a sua vida tem de bom? ou mesmo sobre outro problema. chega, chega, chega! se você continuar batendo sempre na mesma tecla com tamanha intensidade, não vai esquecer nunca.

Priscila Tonon Ramos disse...

é, vc tem toda razão :S