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terça-feira, 14 de setembro de 2010

14/09/2010


Acabo de chegar em casa e degusto um chá quentinho naquela xícara branca charmosa que você me deu. Não é uma atitude masoquista, como talvez possa parecer, mas de lembrança. Ela faz às vezes de namorado, já que neste exato momento começo a sentir mais intensamente a sua falta. Eu já esperava. Sabia que a noite seria o mais difícil. Infelizmente, a xícara não me arranca sorrisos, não gruda nas minhas boxexas e nem me pega pela cintura, mas, no momento, ainda assim, está sendo boa companhia. Calada, não me influencia, não me incomoda, apenas me lembra que você existe e que te amo, mesmo com os problemas que têm surgido e com a solução um pouco radical que decidimos adotar. Ah, e além de tudo, ela não reclama da minha blusa de lã velha azul periquito, com a qual estou felizmente vestida e de quem já havia inclusive esquecido o paradeiro, tanto tempo fazia que não a usava! 
Há muito tempo também que estou acostumada com sua presença diária, com seu calor nas noites frias, com seus conselhos diante dos problemas mais tolos do dia. Sei que nem uma xícara e nem uma blusa de lã azul periquito superam isso, mas eu posso superar, né? E um dia desses, eu espero, estaremos nessa mesma cama, com a velha blusa jogada no guarda-roupas e tomando um vinho em uma taça qualquer em comemoração ao nosso bom e velho amor. (final piegas, mas tudo bem). Boa noite.


Priscila Bonatto

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